(1) Entregue a si próprio, possuindo, por recurso, apenas o seu próprio juízo, o Homem moderno procura, o melhor meio possível, de educar a criança até a sua assunção plena como Homem, autenticamente adulto, autónomo e, consequentemente pronto para enfrentar positivamente os inúmeros desafios da Vida e Existência respectiva. Eis porque, é coagido a efectuar ensaios, na ausência de poder ser guiado idoneamente pela Sociedade.
(2) A Cristandade medieva assenta sobre a missão educativa da Igreja cristã, que vincula a sua autoridade à Revelação e à Tradição. O indivíduo está desobrigado da responsabilidade educativa e destinado a obedecer a uma prescrição de origem Sobrenatural.
De feito, antes do estabelecimento do Cristianismo, a Educação assumia-se, sobretudo, como um problema de escol e de elites. Por seu turno, a Antiguidade clássica estimava que os melhores preceptores eram os Gregos, reputados pela sua precisão analítica e o seu conhecimento das Belas-letras (Gramática, Eloquência e Poesia). Todavia, de consignar que foi, unicamente o Cristianismo que se propôs Educar as pessoas modestas e humildes e, outrossim, de salientar, com ênfase, os escravos, em consonância com a Doutrina de Cristo, ulteriormente trazida à cena por São Francisco de Assis para a Cristandade estabelecida:
Todo homem, até mesmo,
O mais modesto é digno de amor pessoal
De Deus e, o escravo, do mesmo modo que
O Imperador, senão mais, existe
Pessoalmente aos olhos de Deus, que o
Criou por uma vontade particular.
(3) Donde e daí, temos em síntese ponderada e advertida que:
a. A Educação antiga assentava sobre um ideal de cidadão cultivado;
b. A Educação cristã sobre um ideal de moral outorgado ao Homem; e
c. A Educação moderna sobre uma pesquisa/investigação/procura perpetuamente inquieta, por falta de um ideal quão assente e quão definido.
(4) Antes de mais, porém, se antolha pertinente abordar algumas questões conceptuais. Ou seja
a. O problema filosófico da Educação não é o do ensino. Ensinar é só uma diminuta parcela da Educação, a que diz respeito ao Saber. Ensina-se uma matéria, enquanto se educa um ser humano.
b. A Sociedade contemporânea distingue docentes (que ensina) e educadores/pedagogos. Os primeiros habilitam as crianças a trabalhar e, os segundos, por sua vez, ensinam-lhes a jogar e recrear. Todavia, trata-se, de facto, de um uso limitado e abusivo do termo Educador. Assevera-se, por vezes, que os pais educam os seus filhos, enquanto os professores das escolas, dos colégios, dos liceus e das Universidades, os instruem.
c. Enfim, de consignar, com ênfase, que o Saber não é alheio à formação do Homem, na sua totalidade, no seu todo, evidentemente. Deste modo, efectivamente, o Conceito de Educação, se afigura, obviamente, como o mais englobante e abrangente de todos os que dizem respeito à Formação do Homem, absolutamente.
Lisboa, 24 Dezembro 2008.
KWAME KONDÉ
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