sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Da educação dos filhos

Todo o cidadão deve estar consciente que sobre si
Impende uma responsabilidade especial nas variegadas
Áreas e valências destinadas à reelaboração e transmissão
Adequadas da Cultura: Ciência, Arte, Escola e Comunicação Social.


(1) A Educação dos filhos é uma geração prolongada e a família é um “seio espiritual” no qual são acolhidos e alimentados: Trata-se, efectivamente de um ambiente afectivo, em que se forma a sua Identidade psíquica, moral e religiosa: Para ambos (os dois, os pais, obviamente), educar é uma vocação e um dom do Absoluto, ipso facto, um direito original, inviolável e inalienável, consequentemente um dever nobre. Donde e daí, o contributo de demais outras pessoas e instituições deve assumir um carácter de apoio e de integração, porém, evidentemente, jamais de substituição.
(2) Eis porque, os pais devem estar suficientemente próximos, quanto possível, dos filhos, pelo testemunho pessoal e pelo diálogo quotidiano, evitando ser possessivo ou, pelo contrário, demitirem-se das suas responsabilidades. E, comungando criticamente, com os doutos ensinamentos do venerando São João Crisóstomos (in Homilia sobre a carta aos Efésios 21,2), de feito: “para nós, tudo deve ser secundário, perante o cuidado pelos filhos e pela sua educação. Se desde o início ensinares as crianças a serem ajuizadas, conquistarão a maior riqueza e a glória mais válida”.
(3) De anotar, que, na verdade, a Comunicação educativa não se processa em sentido único. Os filhos contribuem e, de que maneira, para a formação dos pais. A família, no emaranhado diário das relações interpessoais, constitui o primeiro ambiente de humanização, “a célula primária e vital da Sociedade.”Nela, cada um aprende o seu valor de pessoa, porque se sente amado por aquilo que é e, não por aquilo que sabe, que faz ou possui.
(4) Na Escola, os cidadãos conscientes colocam-se ao serviço do crescimento integral do Homem. Fazem com que esta instituição, dedicada à elaboração e transmissão crítica da Cultura, não dê apenas noções e instrumentos de acção, outrossim, porém, razões para viver e valores de referência para a Liberdade. Promovem um sincero diálogo educativo, no qual o educador, com atenção plena de simpatia, valorize as energias interiores dos alunos, faça emergir as perguntas, desvende novos horizontes e se deixe educar, pois que, de feito, a “educação é coisa do coração”.
(5) No plano institucional, os cidadãos conscientes devem envidar todos os esforços possíveis, no desígnio de fomentar adequadamente a autonomia de cada comunidade escolar, em particular, para promover o direito das famílias a optar livremente pela escola desejada, sem discriminações, nem sobrecargas futuras.
(6) No fundo, no fundo, a Educação dos filhos é sumamente um direito-dever dos pais. A esse respeito, as demais instituições e formações sociais apenas desempenham uma função de apoio, supletiva e de controlo. Demais, rematando ajuizada e sensatamente, eis porque, uma pluralidade de escolas se afigura uma positiva vantagem para toda a Sociedade, pois que, evita o nivelamento cultural por baixo e permite que haja a fecundidade das várias propostas formativas.

Lisboa, 25 Dezembro 2008.
KWAME KONDÉ

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