domingo, 21 de dezembro de 2008

Desenvolvimento e Saúde

(1) Mais que nunca, a Experiência (esta Mãe da magna Sabedoria humana) tem demonstrado, à exaustão, a inexactidão de um dogma do após guerra: “o crescimento económico e o incremento do Produto Nacional Bruto (PNB) devia ter automaticamente por consequência a melhoria das condições de vida da população e da Saúde, até mesmo das camadas sociais mais desprotegidas”. Todavia; após mais de cinco décadas de esforços e de milhares de dólares consumidos para o desenvolvimento, os dois terços da população mundial não têm ainda acesso, nem à Saúde e, nem ao desenvolvimento, desafortunada e lamentavelmente. No entanto, em contrapartida, a situação não tem sido idêntica no domínio da Saúde. Aliás, vendo bem, com olhos de ver, a ecologia social humana foi mais adulterada nos países ricos que nos países pobres e a morbilidade exacerbou-se, e, de que maneira. Eis porque, em 1973, a vigésima sexta Assembleia mundial da Saúde (OMS, Genebra, Suíça), lançou um grito de alarme, no atinente à situação da Saúde no Mundo e estimulou a atenção dos governos acerca da crise da Saúde, tanto nos países ricos, como, outrossim, nos países pobres.

(2) Na verdade, a Saúde da População não constitui uma situação isolada no contexto sócio-económico da vida social humana. De anotar, que a única concepção médica da Saúde está completamente ultrapassada. Demais, a Saúde não pode ser um puro e mero produto do desenvolvimento e, mais, concretamente, de qualquer desenvolvimento.

(3) Por seu turno e, com efeito, as conexões da Saúde com o Desenvolvimento são, assaz estreitas, a ponto, que o estado de Saúde de uma população é reputado como um dos indicadores, aliás, dos mais eloquentes da orientação e da eficácia da Política denominada de “desenvolvimento”.

(4) Deste modo, obviamente, o Problema que se nos depara actualmente é o seguinte: Verificou-se que, a despeito da velocidade do crescimento económico do qual comprova a progressão do P.N.B. por habitante, existe muitas sociedades (desenvolvidas e em vias de desenvolvimento), amiúde incapazes de acudir às necessidades materiais elementares, de sectores importantes da sua população respectiva. Demais, de sublinhar o facto que o crescimento económico não engendra obrigatoriamente o desenvolvimento social do homem. Ao inverso, na realidade, o mero crescimento económico pode engendrar incidências sociais negativas, nomeadamente: degradação da Natureza e do meio ambiente social, a discrepância entre as necessidades económicas e sociais e, enfim, o incremento dos riscos biológicos da morbilidade.

(5) De feito, na verdade e, na realidade, as ideias actuais acerca do desenvolvimento social estão viciadas por um crasso erro de pensamento que se comete constantemente. Ou seja: que em vez de se conceber o “desenvolvimento” como sendo, primordialmente do homem, se o assimila ao desenvolvimento dos objectos, de sistemas e de estruturas. E, rematando adequadamente, temos que, na nossa óptica e perspectiva: o desenvolvimento deve ter, antes de tudo, orientação sobre o Homem e, acima de tudo, sobre todos os homens (sem excepção, evidentemente) e, não unicamente sobre um progresso quantitativo e qualitativo, no entanto, de natureza, puramente “material” mensurável pelo PNB.

Lisboa, 20 Dezembro de 2008.

KWAME KONDÉ

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