quarta-feira, 29 de abril de 2009

Do Dia Mundial da Dança 2009

Um Ponto Prévio:

Efectivamente, para principiar, apropriadamente, esta nossa peça ensaística sobre o Dia Mundial da Dança 2009, nada melhor e consentâneo, que tecer umas pertinentes considerações acerca da conexão existente entre a Dança e o Teatro.
De feito, estamos ante duas expressões culturais que se assumem, numa positiva simbiose artística, a ponto de se confundirem esteticamente, de modo, quão feliz e dialecticamente consequente. Demais, não é, por acaso, que o insigne filósofo alemão, Immanuel KANT (1724-1804), os classificou, uma e outra, entre as Artes híbridas, resultando da conexão óbvia de algumas das belas artes entre si.
Destarte, o Teatro e a Dança não constituem, por isso, actualmente, menos duas artes, institucional e socialmente distintas, tanto mais, inquietas, da sua autonomia respectiva que, mesmo, afirmando a sua especificidade, não cessam de se atrair, de se seduzir e de se absorver, uma à outra.

Explorando, a priori, um idêntico utensílio sensorial, o corpo humano, isto é, um corpo falante e, mais precisamente, expressivo e enunciador, herdam necessariamente a ambivalência constitutiva: não unicamente, a forma material visível e energia pulsional, outrossim, porém, o desejo de expressão e poder significante, o nosso corpo tagarela, com efeito, parece, concomitantemente dilacerado por uma distorção permanente e condenado a querer aboli-la ou dissolvê-la por procura louca e vã da sua unidade e da sua identidade respectiva.
Todavia, esta marcha evolutiva paradoxal é apenas outro que torna possível e suscita a intenção de jouer com a imagem e o sentido deste corpo apresentado ao olhar e à consciência de outrem, o que parece, em suma, dever ser denominado acertadamente, por Teatralidade.

De feito, o Teatro e a Dança são semelhantes a rebentos gémeos oriundos de uma idêntica matriz estética (na acepção etimológica do vocábulo), trabalhada para um só e único Desígnio: o do Espectáculo. Demais, como em toda relação gemelar, vivem mais intensamente que toda forma artística simples e homogénea, o jeu espectacular indeterminado do Próprio e do Outro, da identidade e da diferença, ou mais exactamente, da Identidade em e pela Diferença.
Histórica e esteticamente, este jeu dialéctico conheceu e conhece várias fases e várias modalidades respectivas que, bem longe de se suceder cronologicamente e de se anular umas às outras, amiúde, se justapõem e coabitam estranhamente, num mesmo período. Além disso, não apresentam nenhuma simetria rigorosa entre si, na medida em que a interferência ou a influência de uma Arte sobre a outra pode se situar, pelo menos, em dois níveis distintos do processo de criação do espectáculo: quer ao da sua concepção ou da sua inspiração temática, quer ao das suas modalidades de realização (estrutura cenográfica, códigos de técnicos de interpretação, objectos, vestuários, luz). Deste modo, se compreende que se um ballet pode se inspirar de um texto teatral ou de situação dramática e/ou teatralizar sequências motoras, gestuais, mímicas e vocais; pelo contrário, um espectáculo de teatro, só se sujeita, à sedução da dança, como mero jogo cénico, no tratamento do corpo de intérpretes.
Existe, por conseguinte, uma total disparidade na evolução do encontro destas duas artes: cada época deixa, mais ou menos, aparecer várias categorias ou soluções heterogéneas para o problema da determinação da especificidade e da autonomia destas duas artes cujo o estatuto só pode ser polémico ou conflitual.

Enfim e, em suma: a Dança e o Teatro podem se excluir numa espécie de conexão ou de disjunção intencional em função da imagem pervertida que possuem ambas… Por outro, além disso, estudando, atentamente, esta problemática em análise e apreço, no âmbito histórico e sociológico, são tantas as soluções engendradas que, realmente, se nos deparam, atestando a impossibilidade existente, actualmente, de definir e problematizar uma destas artes sem fazer intervir positiva ou negativamente o seu par, coagindo, por consequência, a repensar o seu modo de gestão respectivo da conexão da corporeidade e da linguagem.

Uma vez exarado o Ponto Prévio, vamos ao Tema, propriamente dito, deste nosso Estudo ensaístico, que se prende com o Dia Mundial da Dança, que se comemora, anualmente, na data de 29 de Abril.

(1)

O Dia Internacional da Dança foi instaurado, no Ano de 1982, por iniciativa do Comité de Dança Internacional do Instituto Internacional do Teatro (IIT/UNESCO). A data escolhida para celebrar o Dia é o dia 29 de Abril, data do Aniversário Natalício do bailarino/coreógrafo francês, Jean Georges NOVERRE (1727-1810), historicamente considerado o Criador do ballet moderno.
De consignar, que, anualmente, uma Mensagem Internacional redigida por uma personalidade da Dança, mundialmente conhecida, é difundida, a mais ampla mente possível.

Os objectivos do Dia Internacional da Dança e da Mensagem respectiva, são de reunir o mundo da Dança, prestar homenagem à Dança, celebrar a sua universalidade, superando todas as barreiras políticas, culturais e étnicas, enfim e, em suma, congregar a Humanidade, no seu todo, em prol da amizade e da paz, em torno da Dança, esta Linguagem universal.
Já lá vão 27 anos, bem contados, desde o Primeiro Dia Mundial da Dança, ocorrido no remoto ano de 1982, cuja Mensagem Internacional foi redigida pelo esloveno, Henrik NEUBAUER (n.1929). O que significa, outrossim e, ainda, que já foi produzido um conjunto, cultural e artisticamente significativo de 27 Mensagens Internacionais, da lavra e autoria de uma plêiade de ilustres personalidades do mundo da Dança oriundas de dissemelhantes partes do Planeta.
De referir, por outro, que desde 1995, em nome da Unidade da Dança, o Comité Internacional da Dança, se comprometeu, numa positiva colaboração, com a prestigiada Instituição, que é, efectivamente, a Aliança Mundial da Dança, visando, acima de tudo, celebrar o Dia Internacional da Dança, com a dignidade que o Evento em apreço merece.

(2)
Este Ano da Graça de 2009 coube ao bailarino e coreógrafo, de renome internacional, Akram KHAN a nobre e conspícua missão de redigir a Mensagem Internacional da Dança 2009, para funcionar, consentânea e pertinentemente, no âmbito da Celebração deste egrégio Evento cultural e artístico.


(3)
Eis então a Mensagem Internacional da Dança 2009, na sua versão original, redigida no Idioma francês:

Cette Journée très particulière, la Journée internationale de la Danse, est dédiée au seul langage que chacun de nous sait parler dans ce monde, le langage inhérent à nos corps et à nos âmes, celui de nos ancêtres et de nos enfants.
Cette journée est dédiée à chaque dieu, gourou et ancêtre qui nous aient jamais enseigné et inspiré. À chaque chant, impulsion et instant qui nous aient jamais incités à nous mouvoir. Elle est dédiée au petit enfant qui voudrait pouvoir bouger comme son idole, et la mère qui dit « tu en es déjà capable ».
Cette journée est dédiée à chaque être de toute confession, couleur et culture qui transforme les traditions de son passé en histoires du présent et en rêves pour le futur.
Cette journée est dédiée à la Danse, à ses myriades d’expressions et à son immense capacité d’exprimer, de transformer, d’unir et de réjouir.

- AKRAM KHAN -

Saudações teatrais e coreográficas.
Lisboa, 29 Abril 2009
KWAME KONDÉ

terça-feira, 21 de abril de 2009

Capitalismo

«Le marxisme, par son universalisme et son mondialisme,
fut en quelque sorte la seconde vague de l’entrée de l’Orient
intellectuel dans la modernité. Peut-être le temps est-il
venu d’écrire et de diffuser un «manifeste mondaliste»,
un manifeste des intellectuels mondilistes. Ce manifeste
commencerait ou se terminerait par une phrase
du genre : «Intellectuels de tous les pays, unissez-vous!»
S’il est vrai qu’un spectre – celui du mondialisme – hante
La Planète, il faut créer une internationale des intellectuels.»
Gérard LECLERC, filósofo francês (n-1943), in
LA MONDIALISATION CULTURELLE.


No Verão de 2007, principiava a crise financeira, seduzindo uma crise económica que é apenas a adaptação necessária dos nossos sistemas aos abalos da Biosfera.
Eis porque, unicamente seria pior deixar a oligarquia, perante às dificuldades, recorrer às mezinhas, à uma admoestação bronca, à reconstituição da ordem precedente. Donde, chegou, na verdade, o momento azado de sair, sem hesitação de espécie alguma, definitivamente do Capitalismo, colocando a urgência ecológica e a Justiça social no coeur (cerne) do projecto político, que se quer e se pretende ser quão progressista e quão credível, evidentemente.

Com efeito, a oligarquia prospera, a olhos vistos (de forma clara, manifesta e evidente), adentro de um sistema económico, o capitalismo, que atingiu o seu apogeu respectivo. Importa, deste modo, compreender a singularidade no atinente às suas figuras anteriores: o capitalismo mudou de regímen desde a década de oitenta do século XX pretérito. E, precisando as ideias, temos então, efectivamente, que durante estas quatro décadas em que uma geração inteira cresceu, vendo as desigualdades se desvanecer, a economia se criminalizar, a finança se autonomizar da produção material e o mercantilismo generalizado se estender pelo globo terráqueo todo. Enfim!..

Todavia, pertinente e oportuno, se impõe, consignar (com ênfase) que uma leitura puramente económica deste desenrolamento passaria ao lado do essencial. Com efeito, se o mecanismo cultural do consumo faustoso se encontra no centro/cerne da máquina económica actual, o estado da psicologia colectiva ao qual atingimos, constitui, deste facto um autêntico carburante. De feito, nas quatro décadas em questão, o capitalismo logrou impor total e abertamente o seu modelo individualista de representação e de comportamento, marginalizando as lógicas colectivas que refreavam, até então, o seu galopante avanço. De anotar, outrossim, que a dificuldade peculiar, ipso facto, inerente à geração que cresceu sob este império, é ter necessidade reinventar Solidariedades, quando o condicionamento social lhe repete, incessantemente que o indivíduo é tudo. Donde e daí, para sair desta mecânica devastadora, enformando, em substância, o capitalismo imponente, urge prioritariamente e, acima de tudo, desmontar, desarmando, concomitantemente arquétipos culturais e livrar-se do condicionamento psíquico, óbvia e absolutamente.

Enfim, não há dúvida nenhuma, que o Capitalismo se prepara para encerrar a sua efémera e curta existência que lhe resta. Após dois séculos de um impulso extraordinário, apoiado numa mutação técnica de importância comparável à que viu as sociedades de caçadores descobrir a agricultura, aquando da revolução neolítica, há milenários, a Humanidade vai se desembaraçar desta forma transitória, eficaz, porém, violenta, exuberante, no entanto, de sublinhar quão nevrótica e quão nefando.
E, rematando, de forma dialecticamente consequente, não há dúvida nenhuma, reiterando avisadamente, que podemos sair do capitalismo, dominando eficazmente todos os inevitáveis solavancos que se produzirão. Ou então, no caso contrário, estaríamos condenados a mergulhar na desordem, que uma oligarquia, encrespada e encolhida nos seus privilégios, pela sua cegueira deletéria e o seu egoísmo respectivo, ipso facto, suscitará. Eis o cerne da questão!

Lisboa, 10 Abril 2009
KWAME KONDÉ

sábado, 11 de abril de 2009

Na esteira e peugada da Cultura da Paz Universal:

“Das suas espadas forjarão relhas de arados e foices a partir
das suas lanças. Uma nação não levantará a espada contra
outra nação e não mais se treinarão para a guerra.” (Is 2,4).

Não há dúvida nenhuma, que a Paz não se reduz à uma mera ausência de guerra. A Paz, para além, de ser uma construção política é, antes, outrossim e, ainda, um facto eminentemente Espiritual.
Eis porque, ipso facto, é dever dos políticos (na verdadeira acepção do termo e da expressão) organizar a Paz, ou seja: eliminar as armas de destruição maciça e manter as demais outras em nível baixo, destinar os recursos poupados com o desarmamento ao desenvolvimento consentâneo dos Povos e substituir, cada vez mais e mais, a concorrência desenfreada por uma colaboração autenticamente Positiva.
Por outro, impende sobre todos os Cidadãos Conscientes (sem excepção) o sagrado Dever, de se educarem para a Paz, respeitando o Pluralismo político, social, cultural e religioso, favorecendo o diálogo e a solidariedade, no âmbito e à escala planetária, levar um teor de vida e existência respectiva, quão sóbrio e quão despretensioso, que permita partilhar com os Outros os bens da Terra. Demais, “Não é possível que a paz subsista se, antes disso, a virtude não prosperar”, pois que, efectivamente, não há dúvida nenhuma, que a Paz é preferível à vitória.

Todavia, de consignar, outrossim, que os conflitos jamais acabarão entre os homens. De sublinhar, além disso, que a Paz perfeita só acontecerá para além da história humana. Na verdade, verdade, o Cidadão Consciente sabe que não possui soluções definitivas…Quiçá!...Hélas! No entanto, se empenha, com seriedade total, para lograr uma antecipação profética da Redenção/Vitória: “Bem-aventurados” os verdadeiros construtores da Paz Universal!...

Com efeito, a Cooperação, para ser eficaz e eficiente, não deve se desenvolver, única e exclusivamente, entre os indivíduos e entre os grupos no seio da Sociedade. Sim, efectivamente, deve ser edificada à escala internacional e, evidentemente, porque não, mesmo num âmbito Planetário. As Nações se encontram confrontadas com a Escolha, entre a cooperação e a rivalidade. Não existe argumento convincente que advoga, de molde certo, a favor de uma ou da outra atitude. De sublinhar, que, infelizmente, a rivalidade é uma forma corrente, susceptível, designadamente de conduzir, amiúde à guerra. Porém, a crise ecológica coage, ipso facto, à uma mudança do jogo tradicional da rivalidade das nações, pois que, no fundo, no fundo, não haverá sobremaneira ganhadores ou perdedores, no âmbito do desequilíbrio das regulações da Biosfera (espaço ocupado por todos os seres vivos, animais e vegetais que habitam a Terra), mesmo se o petróleo do Árctico faz sonhar as oligarquias russas e canadianas. Tudo isto, significa, que as nações possuem, por conseguinte e logicamente interesse em cooperar de modo consentâneo e pertinente. Contudo os impactos da crise ecológica seriam mais graves em relação aos países do Sul e, deste modo, os países mais ricos poderiam sentir-se tentados procurar a se adaptar, sozinhos. Enfim e, em suma: Não há dúvida nenhuma, que, no âmbito desta dinâmica, Paz e guerra possuem chances idênticas.

Todavia, o que é certo, até então, o Ambiente suscitou mais e melhor cooperação do que a guerra. Opostamente, ao lugar comum, a rivalidade para o acesso aos recursos hídricos (por exemplo) não conduziu a “guerras da água”, porém, ao contrário, conduziu, sim a cooperações eficazes e eficientes. Neste particular, abundam um cortejo interessante de bons e significativos exemplos.

Donde, efectivamente, a Escolha se encontra aberta e bem aberta, enquanto as dificuldades vão crescendo, ou seja: a competição entre Estados e a guerra, ou a procura do interesse planetário e a cooperação. Deste modo, é possível, aliás, que na desordem ascendente, a tendência criminal capitalista assume o direito sobre as forças de regulação, se apoiando nas numerosas forças armadas de que dispõem, lançando medo entre povos nos quais o fermento propalado pelo espírito novo, não teria suficientemente levedado. De consignar, com ênfase, se não se logra a impor lógicas cooperativas no seio das Sociedades, a evolução autoritária do capitalismo incitá-lo-á à agressividade, no plano internacional.

E, rematando assertivamente, ante às sombrias perspectivas, a Hora dos homens e das mulheres de “coeur”, capazes de fazer luzir as luzes do porvir, soou. Na verdade, os egrégios desafios desta Hora azada, exigem sair, sem hesitação de espécie alguma, da lógica do provento/proveito/lucro máximo e individual para criar economias cooperativas, visando outorgar o devido respeito aos Seres e ao Ambiente natural, ipso facto.

Lisboa, 10 Abril 2009
KWAME KONDÉ

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Um outro Mundo é possível

“Yes, we can. Yes, we can change.
Yes, we can.”
Barack OBAMA (Janeiro 2008)


“Temos a obrigação de inventar outro mundo porque sabemos
que outro mundo é possível. Mas cabe a nós construí-lo
com as nossas mãos entrando em cena, no palco e na vida.”
Augusto BOAL, In Mensagem Internacional do Dia Mundial 2009


(1) Com efeito, um outro Mundo é possível, indubitavelmente indispensável e, se encontra, aliás, ao nosso alcance. O Capitalismo (com o seu modelo de sociedade edificado sobre o ter, em franco detrimento do Ser), após um reinado de dois séculos, se metamorfoseou, entrando numa fase fatídica. De feito, produz, concomitantemente uma crise económica importante e, outrossim, uma crise ecológica de envergadura e dimensão históricas. Donde e daí, para salvar o Planeta Terra, se impõe urgentemente sair do capitalismo, reconstruindo uma Sociedade em que a economia não é rainha, porém, um instrumento/ferramenta, onde a cooperação deve assumir uma determinada superioridade sobre a competição e, em que, o bem comum deve prevalecer sobre o provento/lucro.
(2) Prosseguindo o nosso Estudo, se afigura pertinente, referir que a Oligarquia (leia-se, grupo de algumas pessoas poderosas, dominando uma porção dos interesses de um país) envida encarniçadamente em desviar a atenção de um público, cada vez mais e mais, consciente do desastre iminente, fazendo-lhe acreditar que a tecnologia (leia-se, outrossim, toda técnica moderna e sofisticada) poderia ultrapassar e superar o obstáculo, em questão. Esta ilusão só visa perpetuar o sistema de dominação em vigor, evidentemente. O que é facto, como ilustra, demais, a demonstração ancorada na realidade objectiva dos nossos dias e, outrossim, animada por numerosas reportagens, o futuro não se encontra (não está, aliás, seguramente) na tecnologia, sim, efectivamente et pour cause, numa nova ordenação das relações sociais.
(3) E, um tanto ou quanto, em jeito de remate assisado, o que fará inclinar a balança, neste caso concreto, é a força e a velocidade com as quais poderemos recuperar a exigência da Solidariedade efectiva. Eis porque, mais que nunca, urge pugnar para a edificação, em bases e alicerces sólidos e robustos, de um novo modelo de Sociedade que privilegia o Ser em detrimento do ter. Eis, efectivamente o autêntico modelo de Sociedade para que vale a pena pugnar, visando legar aos nossos vindouros algo de eminentemente substantivo e credível, por motivos e razões assaz óbvios.

Lisboa, 08 Abril 2009
FRANCISCO FRAGOSO

terça-feira, 7 de abril de 2009

Dia Mundial da Saúde

(1) O DIA MUNDIAL DA SAÚDE se comemora no Dia 7 Abril desde 1950, visando celebrar condignamente a Criação da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1948. Assim, desde então, anualmente, a OMS aproveita o ensejo para incrementar a consciência sobre a Saúde Mundial. Neste sentido, organiza relevantes Eventos, a nível internacional, regional e local, visando promover, com real eficácia, o Tema escolhido, em matéria de Saúde.
(2) Para este Ano, em curso, de 2009, o Tema escolhido—“Salvar vidas -- Hospitais seguros em situações de emergência”—salienta a importância da necessidade imperiosa de garantir que as Unidades de Saúde, sejam elas Hospitais ou Centros de Saúde possuam resistência necessária para manter o respectivo funcionamento e a Segurança dos Profissionais de Saúde, no desígnio de puderem assegurar um bom atendimento às populações afectas.
(3) De anotar, que, efectivamente, os Profissionais, os Edifícios e os Serviços de Saúde podem, outrossim, se tornar vítimas em situações de emergência, designadamente, acidentes ou demais outras catástrofes (naturais, biológicas, tecnológicas, sociais ou ainda e, outrossim, conflitos armados). Donde e daí, as populações podem ver-se, desta forma, privadas de Serviços de Saúde cruciais para salvar vidas.
(4) Como se pode aperceber, o Tema eleito sublinha a importância que assume proceder, de modo que os Estabelecimentos de Saúde sejam suficientemente sólidos e robustos para resistir a estes perigos e estejam em condições, a despeito de tudo, prestar serviços adequados, concomitantemente as populações directamente atingidas e as Comunidades limítrofes. Já agora, entende-se por Estabelecimentos de Saúde todos os locais apetrechados e capacitados para outorgar Cuidados de Saúde, desde os hospitais especializados e terciários até os Centros de cuidados Primários e os dispensários locais.
(5) Enfim e, em suma: O Dia Mundial da Saúde é o principal acontecimento que permite à OMS dar a conhecer as prioridades sanitárias planetárias. Este ano, a Organização e os seus Parceiros Internacionais sublinharam, com ênfase, quão importante representa investir adequadamente no âmbito das infra-estruturas sanitárias capacitadas para resistir, com eficácia, ao perigo e corresponder, simultaneamente às necessidades imediatas da População. Apelam identicamente, aos responsáveis para a implantação de sistemas que permitem fazer face às situações de urgência, no interior dos Estabelecimentos (por exemplo, nos casos dos incêndios, etc.) e, sem pôr em perigo a continuação e sequência respectiva dos cuidados apropriados necessários, obviamente.
(6) Finalmente: Vale a pena, apresentar umas breves notas acerca do perfil do actual Director Geral da OMS.
a. Trata-se da Dr.ª Margaret CHAN, chinesa de nascimento (e de nacionalidade respectiva), que foi nomeada para o referido cargo pela Assembleia Mundial da Saúde, na data de 9 Novembro 2006. Antes da sua nomeação desempenhava o cargo de Sub Directora Geral, no âmbito das Enfermidades Transmissíveis e era o Representante do Director Geral, encarregado da Gripe Pandémica.
b. De consignar, que antes de ingressar na OMS, foi durante nove anos consecutivos Director da Saúde em Hong Kong (China). Nesta qualidade, foi confrontada, designadamente com a primeira exaltação humana de Gripe aviaria a H5N1, em 1997 e logrou triunfar no combate do Sindroma respiratório agudo severo (SRAS), em Hong Kong, no ano de 2003. Implantou identicamente, novos serviços, visando prevenir as enfermidades e promover uma melhor Saúde.

Lisboa, 7 Abril 2009

Dr. Francisco FRAGOSO
(Médico).

quinta-feira, 2 de abril de 2009

CANTO para a nossa MUSA de Sempre

Na demanda de uma Arte “Poética” inovadora:

“Sem forma revolucionária não há
Arte revolucionária.”
VLADIMIR MAIOKÓVSKI
“Eu não forneço nenhuma regra para que
uma pessoa se torne poeta e escreva versos.
E, em geral, tais regras não existem. Chama-se poeta
Justamente o homem que cria estas regras poéticas.”
VLADIMIR MAIAKÓVSKI

Et pour cause, outrossim e, ainda,
O Mestre de sempre,
VLADIMIR MAIAKÓSVIKI:
“O Teatro deve ser um espectáculo detonante.”


As Terras, abruptas e desérticas, ávidas áridas…
Na sua quietude, beata
Vorazmente bebem no mamilo da Aurora
Velo doce e Negro!
Não parecem se subtrair do ónus do Sono.
Circundadas pelo Silêncio
Murmúrios
Leite matinal
A quem prestam a maior atenção?
A quem contemplam?
Sim, quem aqui habita: as coisas
O ar e a luz?
Oh my God!
Que homem (ou mulher) vai inventar
A primeira chaga?
E a eclosão dos lábios inertes?
Paisagem solidificada numa palavra!
Paysage solidifié sur une parole!
Solidified landscape in a word!
Bista djondjodu n’un palabra!

Pela Letra construímos (construída) a sílaba humana
E da sílaba humana, edificando (edificada)
A palavra/vocábulo/lexema
E da Palavra surde, ipso facto, a Linguagem humana!
Este espelho da alma
Meio de Comunicação com outrem
Elemento de sociabilidade,
Sinal de reconhecimento e de
Pertença à uma Comunidade
A um Grupo e
A uma Cultura…


Não me falem (não nos falem) de Cicatriz. Este
Cerne/Imo azul vermelho
Oculta a minha viagem
(a nossa viagem).
Sonego (sonegamos) a treva arvorada na linha de Horizonte.
Abro (abrimos) o Mundo, sub-repticiamente exauro (exauramos) a
Ordem.
Pois que, já só haverá ensejo/desígnio para
O intrépido Verão, evidentemente.

Ai o élan que me transporta
(nos transporta)
Me conduzirá (nos conduzirá)
Até ti, nossa Musa de sempre
Diva viva, feita de virtude
E, assim, afirmo
(afirmamos)
Que mesmo assim, neste Momento Azado
Quiçá transviado, pois que não será o término da Viagem!

Uma missa de Solidão,
Se enredando de sigilos
Uma etapa remota, longe do meu (do nosso) Império
Da Terra e de inocência.
Oh! Os teus olhos verão!
Tes yeux verront!
Your eyes will see!
Bus odjus t’odja dretu!


Mar e Céu trespassados por uma prega de areia e Saibro!
Mer et Ciel coupés par un pli de sable !
Sea and Sky cut by a sand fold!
Mar y Seu satadjadu pur un préga di rea!

Ó egrégia Verdade, que iluminas o meu Coração,
Concede-me (concede-nos) a Graça de que não
Sejam as trevas a falar-me (a falar-nos!)...
A minha vista (a nossa vista) está obscurecida…,
Porém, consegui (conseguimos) lembrar de Ti.
Ouvi (ouvimos) a tua Voz…
Que me gritava (nos gritava) para regressar.
Escutei-a (escutamo-la) com relutância
Por causa dos homens desagradados.
Todavia, eis me (eis nos) de novo de volta,
Sequioso e desejoso da Tua Fonte.
E que ninguém me impeça (nos impeça) de aproximar dela.
Pois dela beberei (beberemos) e viverei (viveremos!).


Eis porque, acreditar é abrir-se, sair de si próprio,
Confiar, obedecer, arriscar, pôr-se
No percurso existencial em direcção
Às coisas “que não se vêem”: Eis a eloquente
Assunção da positiva Postura
De autêntico Acolhimento activo
Conducente à introdução no Mistério da Vida Plena…

E, para principiar para além do Verbo, eis então:
O prazer das praias
O banquete das ancas
A reemergência das águas
A audácia dos seios virgens
O périplo da Luz (da espádua ao ventre)
As coxas belamente singulares, enfim…
Até aos seixos da praia, polidos pelos pés humanos. Sim, efectivamente
Todo o Mar infinito,
Na sua vastidão, tranquilo
Se derrama entre estas margens inóspitas.

Assim, destarte,
Os meus Lábios (os nossos lábios) empedernirão…
Boca seca!
E, por seu turno, o meu Corpo
O nosso Corpo sucumbirá (desfeito em pó),
Nos arcanos da Matriz primordial da Terra.
E só me restará
(nos restarão)
Estas conquistas de delírio que aniquilam.

Oh! O teu (o nosso) Silêncio!
Oh! Ton (notre) Silence!
Oh! Your (our) Silence!
Bu (nos) Silensu!...Silensu!...Silensu!...


(A Extensão bárbara
A Intermitência de um Dia.
Uma Profusão de Tempo arredado de Usufruto).
Entretanto,
Algures, um tudo-nada de Sombra, como
Um Trejeito (cuidado à parte) se enternece…
Enternecendo plenamente.
Oh my God! A Vida, na sua essência primordial aconteceu, acontecendo!

Lisboa, 02 Abril 2009
KWAME KONDÉ
(Intelectual Internacionalista/Cidadão do Mundo).


quarta-feira, 1 de abril de 2009

MAIS UM POEMA CONSTRUÍDO NO MOMENTO AZADO:

I

Eis sim, efectivamente,
Meus irmãos, companheiros e peregrinos do "IMO da PEDRA",
Eis sim, o autêntico Oráculo
Da Glória e da Liberdade:

Abrir, de par em par,
As prisões injustas,
Desatar os nós do jugo ancestral
Deixar ir livres os oprimidos
Quebrar toda a espécie de jugo;
Repartir o nosso Pão com o esfomeado
Dar abrigo aos infelizes sem asilo
Vestir o desnudo e não desprezar o nosso irmão.
Então, sim, efectivamente:
A nossa Luz surgirá como a aurora
E as nossas feridas não tardarão a cicatrizar;
A nossa Justiça irá na nossa vanguarda, segura
E na retaguarda a Glória da Liberdade, luzente se arvora no
Horizonte…
E, então, destarte, a
Egrégia Glória, em alto e bom som
Prontamente assevera:
“Eis me aqui, Irmãos!”…Avante!...Avante!...Avante!...
Companheiros, Peregrinos da caminhada da Existência…


II


Oh! Natureza Mãe,
Tu que, das fecundas entranhas,
Destes a todos os Povos do Mundo
Uma única origem
E, neste Momento azado, quereis reuni-los
Numa só Família,
Concedei que os Homens se reconhecem irmãos
E, na solidariedade
Promovam o desenvolvimento de cada povo,
Para que, com os recursos que dispusestes, e,
Quão ubíqua omnipresente, no IMO da tua douta sapiência,
Disponibilizastes
Para toda a Humanidade
E se afirmem os Direitos de cada Homem
E a Comunidade humana possa conhecer uma
Era de Igualdade, de Progresso e de Paz.

E,
Agora tu, Rai di Tabanka,
Rei dos reis
Rei dos Homens
Rei genuíno do Planeta,
Todo,
Nesta tua hora, nesta nossa hora, na Hora de todas as Verdades
Não deixes, ao abandono, o teu Povo
Nem desprezes, outrossim a sua Vetusta Herança.

Deste modo, destarte,
Então, efectivamente:
A Sentença retornará a ser equitativa

E Todos de coração Recto, venerá-la-ão…

Pois sim, Irmãos, Peregrinos
É a Hora certa,

A Hora da Liberdade Plena!

Lisboa, 23 Outubro 2008
KWAME KONDÉ(Intelectual Internacionalista/Cidadão do Mundo)