Estou de acordo com o Primeiro-Ministro em relação aos seus anseios relativos à cultura:
“Queremos que todos os cabo-verdianos, juntos com o Governo, trabalhem para que a cultura, que é a riqueza de nossas almas, seja também a riqueza desta nação. Queremos ter, por exemplo, um festival internacional de teatro, uma feira internacional de música, uma feira internacional de cinema ou de vídeo amador, queremos ter ainda uma feira internacional de artesanato…” cf: in: Mensagem de Natal, NEVES José Maria, 2008.
Mas para se conseguir realizar todos estes desejos, é preciso um trabalho de base, onde a formação académica se encontre na sua génese. É necessário que haja formações, é imprescindível que haja uma consciência artística (a cultura como acção de cultivar o saber). Não somente como meio de entreter outrem, como diz o Primeiro-Ministro:
“…Queremos fazer de Cabo Verde um centro internacional de entretenimento cultural…”. Ibidem. O entretenimento faz parte da vida social de um povo, mas a meu ver é imprescindível encararmos a cultura como uma forma de educar e consciencializar a sociedade.
Só se deve falar em valorização da cultura quando existe realmente uma consciência do quão este é fundamental na vida de uma sociedade. Para que isto aconteça, deve-se primeiramente criar programas e incrementar hábitos culturais no sentido de contribuir para o desenvolvimento de uma política educativa no âmbito cultural. Um exemplo, é a apresentação de programas que aproximem as crianças dos livros, se pensarmos que os projectos culturais de base devem começar por serem direccionados às camadas infanto-juvenis.
Em relação aos festivais e feiras propostos pelo Sr. Primeiro-Ministro, penso que deve haver actividades deste género para fugir à rotina anual dos já conhecidos festivais municipais: (Baia das Gatas, Gamboa, Santa Maria, etc.) que por sua vez acarretam um grosso valor do orçamento cultural anual, de cada um desses Municípios. Também é importante que haja programações ao longo do ano, e que não sejam somente para deleito da população em geral (concertos de massa), mas também deveria haver concertos de cariz mais erudito para o público interessado (pequenos concertos).
Em relação ao cinema o primeiro passo a dar, segundo o meu ponto de vista, é a reactivação das diversas salas de cinema espalhadas pelos diferentes pólos do país, sendo que este tipo de cinema (Hollywood) já foi em tempos muitíssimo importante para a educação da nossa sociedade e continuará a sê-lo. O cinema teve e continua a ter um papel fulcral na vida social na medida em que mantém as pessoas informadas sobre novas tendências emergentes no mundo inteiro. E a partir desse modelo, há uma grande hipótese de se criar um núcleo de público que futuramente aderirá a um cinema mais “erudito”, para além da pequena elite já existente. É importante deixar claro que não estou a menosprezar nem a dizer que o formato Hollywood não tenha qualidade. O problema é que com a indústria cinematográfica inerente à Hollywood, muitas vezes os guiões dos filmes produzidos por estes são censurados, fazendo com que o produto final que chega aos ecrãs, não seja totalmente fiel às ideias iniciais. Já o cinema documentário ou o cinema de autor aborda questões de cariz mais erudito, e menos sujeitos à censura.
É importante lembrarmos que, antes de pensar em elaborar qualquer programa cultural, primeiramente deve-se criar uma estratégia de captação, mobilização e educação de público, para que este possa ter audiência. Para exemplificar temos um caso paradigmático: o trabalho de captação de publico desenvolvido pela Mindelact, (Festival Internacional de Teatro), sob a direcção de João Branco, em São Vicente, para que este festival fruísse do publico que tem hoje.
E para que seja possível colocar em prática todo este leque de intenções acima referidas é urgentemente necessário que haja uma programação cultural e programadores culturais capacitados. E para que estes programas se realizem é preciso que haja produtores e técnicos competentes. Acima de tudo, para se realizar um programa cultural é preciso ingredientes, ou seja é necessário material artístico (Musica, Teatro, Dança, Pintura, Cinema, Poesia, etc.). Para haver todo este leque de ingredientes inerentes a uma programação cultural, são necessários criadores e artistas (caso contrário, não passaremos de meros importadores). E para que haja artistas, não é simplesmente necessário haver só o dito talento nato. É necessário um estudo aprofundado do conhecimento artístico para que este talento nato se possa desenvolver, e para que o artista possa ganhar a consciência da sua linguagem artística. Para que se consiga ser criador, produtor, programador, técnico etc. Estes últimos carecem do factor estudo no sentido lato da palavra. É preciso frequentar escolas onde haja uma formação teórica e pratica do que se pretende fazer ou estudar, assim como se faz nas outras áreas (Medicina, Engenharia, Economia, entre outros.). É imprescindível pesquisar, conhecer, e interagir com outros profissionais da área. Mas para que tudo isso se possa tornar realidade é fundamental uma consciencialização, a qual se deve iniciar nas escolas (Primárias e Secundárias).
O apoio é um outro factor essencial para que as coisas possam passar de um plano ideológico para um plano prático. Não me refiro só ao apoio financeiro, mas também a outros tipos de apoios que os dirigentes do nosso estado possam empenhar para que os desejos se cumpram, nomeadamente protocolos entre universidades e entidades culturais no exterior, para facilitar a entrada dos jovens estudantes para estas instituições e a restante população de diferentes faixas etárias.
Mesmo que haja pessoas capazes de exercer todo esse leque de funções, é necessário financiamento, porque na ausência de qualquer capital, os projectos não passam de ideias mortas. Todo o projecto artístico e cultural comporta um custo. Se as entidades competentes não estiverem aptas para colaborar neste aspecto, tudo tornar-se-á difícil. E é claro que não me refiro aqui só ao financiamento do Ministério da Cultura, mas também falo em subsídios por parte dos privados, sendo que o consumo e o deleito artístico é um bem comum.
Deve-se desenvolver políticas de mecenato cultural para incentivar os particulares a apoiar os artistas e os projectos culturais.
Delgado Ferreira
“…Queremos fazer de Cabo Verde um centro internacional de entretenimento cultural…”. Ibidem. O entretenimento faz parte da vida social de um povo, mas a meu ver é imprescindível encararmos a cultura como uma forma de educar e consciencializar a sociedade.
Só se deve falar em valorização da cultura quando existe realmente uma consciência do quão este é fundamental na vida de uma sociedade. Para que isto aconteça, deve-se primeiramente criar programas e incrementar hábitos culturais no sentido de contribuir para o desenvolvimento de uma política educativa no âmbito cultural. Um exemplo, é a apresentação de programas que aproximem as crianças dos livros, se pensarmos que os projectos culturais de base devem começar por serem direccionados às camadas infanto-juvenis.
Em relação aos festivais e feiras propostos pelo Sr. Primeiro-Ministro, penso que deve haver actividades deste género para fugir à rotina anual dos já conhecidos festivais municipais: (Baia das Gatas, Gamboa, Santa Maria, etc.) que por sua vez acarretam um grosso valor do orçamento cultural anual, de cada um desses Municípios. Também é importante que haja programações ao longo do ano, e que não sejam somente para deleito da população em geral (concertos de massa), mas também deveria haver concertos de cariz mais erudito para o público interessado (pequenos concertos).
Em relação ao cinema o primeiro passo a dar, segundo o meu ponto de vista, é a reactivação das diversas salas de cinema espalhadas pelos diferentes pólos do país, sendo que este tipo de cinema (Hollywood) já foi em tempos muitíssimo importante para a educação da nossa sociedade e continuará a sê-lo. O cinema teve e continua a ter um papel fulcral na vida social na medida em que mantém as pessoas informadas sobre novas tendências emergentes no mundo inteiro. E a partir desse modelo, há uma grande hipótese de se criar um núcleo de público que futuramente aderirá a um cinema mais “erudito”, para além da pequena elite já existente. É importante deixar claro que não estou a menosprezar nem a dizer que o formato Hollywood não tenha qualidade. O problema é que com a indústria cinematográfica inerente à Hollywood, muitas vezes os guiões dos filmes produzidos por estes são censurados, fazendo com que o produto final que chega aos ecrãs, não seja totalmente fiel às ideias iniciais. Já o cinema documentário ou o cinema de autor aborda questões de cariz mais erudito, e menos sujeitos à censura.
É importante lembrarmos que, antes de pensar em elaborar qualquer programa cultural, primeiramente deve-se criar uma estratégia de captação, mobilização e educação de público, para que este possa ter audiência. Para exemplificar temos um caso paradigmático: o trabalho de captação de publico desenvolvido pela Mindelact, (Festival Internacional de Teatro), sob a direcção de João Branco, em São Vicente, para que este festival fruísse do publico que tem hoje.
E para que seja possível colocar em prática todo este leque de intenções acima referidas é urgentemente necessário que haja uma programação cultural e programadores culturais capacitados. E para que estes programas se realizem é preciso que haja produtores e técnicos competentes. Acima de tudo, para se realizar um programa cultural é preciso ingredientes, ou seja é necessário material artístico (Musica, Teatro, Dança, Pintura, Cinema, Poesia, etc.). Para haver todo este leque de ingredientes inerentes a uma programação cultural, são necessários criadores e artistas (caso contrário, não passaremos de meros importadores). E para que haja artistas, não é simplesmente necessário haver só o dito talento nato. É necessário um estudo aprofundado do conhecimento artístico para que este talento nato se possa desenvolver, e para que o artista possa ganhar a consciência da sua linguagem artística. Para que se consiga ser criador, produtor, programador, técnico etc. Estes últimos carecem do factor estudo no sentido lato da palavra. É preciso frequentar escolas onde haja uma formação teórica e pratica do que se pretende fazer ou estudar, assim como se faz nas outras áreas (Medicina, Engenharia, Economia, entre outros.). É imprescindível pesquisar, conhecer, e interagir com outros profissionais da área. Mas para que tudo isso se possa tornar realidade é fundamental uma consciencialização, a qual se deve iniciar nas escolas (Primárias e Secundárias).
O apoio é um outro factor essencial para que as coisas possam passar de um plano ideológico para um plano prático. Não me refiro só ao apoio financeiro, mas também a outros tipos de apoios que os dirigentes do nosso estado possam empenhar para que os desejos se cumpram, nomeadamente protocolos entre universidades e entidades culturais no exterior, para facilitar a entrada dos jovens estudantes para estas instituições e a restante população de diferentes faixas etárias.
Mesmo que haja pessoas capazes de exercer todo esse leque de funções, é necessário financiamento, porque na ausência de qualquer capital, os projectos não passam de ideias mortas. Todo o projecto artístico e cultural comporta um custo. Se as entidades competentes não estiverem aptas para colaborar neste aspecto, tudo tornar-se-á difícil. E é claro que não me refiro aqui só ao financiamento do Ministério da Cultura, mas também falo em subsídios por parte dos privados, sendo que o consumo e o deleito artístico é um bem comum.
Deve-se desenvolver políticas de mecenato cultural para incentivar os particulares a apoiar os artistas e os projectos culturais.
Delgado Ferreira
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