sábado, 28 de março de 2009

Capitalismo

Cap.it.al.ism:
An economic system in which a country’s businesses and industry are controlled and run for profit by private owners rather than by the Government.
Cap.it.al.ist:
A person who supports capitalism;
A person who owns or controls a lot of wealth and uses it to produce more wealth.

Capitalismo:
Etimologia: Capital+ismo:
a) Sistema económico baseado na legitimidade dos bens privados e na irrestrita liberdade de comércio e indústria, com o principal objectivo de adquirir lucro.
b) Sistema social em que o capital está em mãos de empresas privadas ou indivíduos que contratam mão-de-obra em troca de salário.
Capitalista:
Etimologia: Capital+ista.
Diz-se do indivíduo que possui capital e vive da sua renda.
Diz-se, outrossim de ou sócio que é responsável pela parte financeira da organização de uma empresa.

Capitalisme:
1) Système économique dans lequel les moyens de production appartiennent à des propriétaires particuliers.
2) Dans le vocabulaire marxiste, régime économique, politique et social poursuivant la recherche systématique du profit grâce à l’exploration des travailleurs par les propriétaires des moyens de production et d’échange.
Capitaliste :
Celui qui possède les moyens de production ;
Celui qui est favorable au régime capitaliste.
Néo-capitalisme :
Forme moderne du capitalisme, liant les finalités sociales à la recherche du profit et admettant dans certains cas l’intervention de l’État.

Desenvolvimento do Tema :

No plano etimológico, o lexema Capital é oriundo do latim “capitalis”, de “caput”, a cabeça, na acepção posse de animais (“gado de parceria”, “gado de meias”). Por seu turno, a sua acepção no âmbito económico surgiu no século XVI.
E, na sua essência primordial, a expressão Capitalismo assume como o regime económico e jurídico de uma sociedade na qual os meios de produção não pertencem aos que os utilizam.
Grosso modo, o Capitalismo se encontra edificado sobre:
A empresa privada;
A liberdade das permutas;
A procura de provento/lucro reputado como um ressarcimento pelo risco a que se expõe;
A acumulação do capital.
De anotar que, na prática, cada uma das características, acima enunciadas, pode-se encontrar, mais ou menos acentuada, outorgando à noção de capitalismo uma enorme diversidade das suas formas respectivas.


E explicitando, de modo consentâneo e, outrossim por imperativo pedagógico, temos então:
---O Capitalismo hodierno, que se caracteriza por uma distribuição do capital entre vários, até mesmo, uma autêntica “multidão”, de proprietários, accionistas, etc., procura, outrossim, mais segurança e um certo poder, visando influenciar as decisões políticas. Deste modo, o lucro realizado pela empresa tem tendência a se repartir muito mais entre o Estado e a própria empresa (auto-financiamento que incrementa, não obstante, o seu valor) em detrimento da distribuição de mais-valias imediatas (leia-se os dividendos) aos accionistas.
---Por sua vez, para o Marxismo, o capitalismo é um sistema político, económico e social cujo princípio fundamental consiste na procura sistemática de mais-valias obtidas graças à exploração dos trabalhadores pelos proprietários dos meios de produção e de distribuição. O seu fim é transformar, a maior parte possível, destas mais-valias em capital suplementar que engendrará, por seu turno, mais mais-valias.

Enfim e, em suma: para o capitalismo, tudo tende a tornar mercadoria e, em primeiro lugar, o próprio homem (a Saúde, o Sangue, os Órgãos humanos, obviamente, a procriação…), a Educação, o Conhecimento, a Investigação científica, a Cultura e as Obras artísticas…

Lisboa, 27 Março 2009
KWAME KONDÉ

sexta-feira, 27 de março de 2009

Dia 27 de Março de 2009: Dia Mundial do Teatro:

(1) De feito, na verdade, foi na Cidade de Viena (Áustria), no remoto ano da Graça de 1961, que, no decurso do 9º Congresso Mundial do Instituto Internacional do Teatro (IIT), por proposta do finlandês Kaarlo Arvi KIVIMAA (n-1904), feita em nome do Centro Finlandês, foi, então, instituído o DIA MUNDIAL DO TEATRO. E, já lá vão precisamente, 48 anos e, no âmbito do Calendário dos Dias Mundiais do Teatro este de 2009 é o QUADRAGÉSIMO SÉTIMO.
(2) Deste modo, desde o ano de 1962, anualmente, a 27 de Março (data da abertura da estação 1962 do Teatro das Nações, em Paris) o Dia Mundial do Teatro é comemorado pelos Centros Nacionais do IIT existentes presentemente, numa centena de Países do Mundo, assim como, por demais outros membros da Comunidade Teatral Internacional.

(3) Por seu turno, o Instituto Internacional do Teatro (IIT), criado em 1948, numa louvável e histórica iniciativa da UNESCO e de Personalidades ilustres no domínio do Teatro é, com efeito, assumidamente, a mais importante organização não governamental, no âmbito das Artes da Cena, possuindo robustas conexões formais (relações de consulta e de associação) junto da UNESCO. O IIT procura "à encourager les échanges internationaux dans le domaine de la connaissance et de la pratique des Arts de la Scène, stimuler la création et élargir la coopération entre les gens de Théâtre, sensibiliser l’opinion publique à la prise en considération de la création artistique dans le domaine du Développement, approfondir la compréhension mutuelle afin de participer au renforcement de la Paix et de l’Amitié entre les peuples, s’associer à la défense des idéaux et des buts définis par l’UNESCO".

(4) De anotar, ainda que as manifestações que assinalam o DIA MUNDIAL DO TEATRO permitem concretizar os objectivos, acima enunciados. Eis porque, anualmente, uma Personalidade do mundo do Teatro ou uma outra individualidade conhecida pelas suas qualidades de “coeur” e de espírito é convidada a partilhar as suas reflexões acerca do tema do Teatro e da Paz entre os povos. Esta Mensagem denominada MENSAGEM INTERNACIONAL é traduzida numa vintena de idiomas. E, outrossim, será lida perante dezenas de milhares de espectadores antes da representação da noite nos teatros, pelo Mundo inteiro, impresso em centenas de quotidianos e difundida pela rádio e televisão nos cinco (5) Continentes. Vem, mesmo a propósito e, um tanto ou quanto, a talhe de foice, elucidar que a primeira Mensagem Internacional produzida, para os devidos efeitos, no longínquo ano de 1962, foi da autoria e lavra do insigne poeta, romancista, dramaturgo, coreógrafo, pintor e cineasta francês, Jean COCTEAU (1889-1963).

(5) Enfim e, em suma: O Teatro congrega, de modo dialecticamente eloquente e, por sua vez, o DIA MUNDIAL DO TEATRO é a celebração efectiva desta egrégia vontade. Constitui, outrossim e, ainda, um excelente ensejo e uma oportunidade respectiva, para os Artistas da Cena partilhar com o seu público uma determinada visão da sua Arte e a forma, por meio da qual esta Arte pode contribuir para a compreensão humana e para a Paz entre os povos. Finalmente, de consignar, que à difusão mundial da MENSAGEM INTERNACIONAL, se vem vincular numerosos eventos, desde manifestação, mais íntima, até à Grande Celebração Popular.

Posto tudo isto, vamos então, apresentar a MENSAGEM INTERNACIONAL redigida especialmente para o Dia Mundial do Teatro deste Ano de 2009, em curso, da autoria e lavra de Augusto BOAL, director teatral brasileiro, de renome mundial e inventor do “Teatro do Oprimido”.
Apresentaremos, nesta nossa “posta”, a dita Mensagem em duas versões, designadamente, no Idioma brasileiro (a versão original) e em inglês.

(I)

Teatro não pode ser apenas um evento – é forma de vida! Mesmo quando inconscientes, as relações humanas são estruturadas em forma teatral: o uso do espaço, a linguagem do corpo, a escolha das palavras e a modulação das vozes, o confronto das ideias e paixões, tudo que fazemos no palco fazemos sempre em nossas vidas: nós somos teatro!

Não só casamentos e funerais são espectáculos, mas também os rituais cotidianos que, por sua familiaridade, não nos chegam à consciência. Não só pompas, mas também o café da manhã e os bons-dias, tímidos namoros e grandes conflitos passionais, uma sessão do Senado ou uma reunião diplomática – tudo é teatro.

Uma das principais funções da nossa arte é tornar conscientes esses espectáculos da vida diária onde os atores são os próprios espectadores, o palco é a plateia e a plateia, o palco. Somos todos artistas: fazendo teatro, aprendemos a ver aquilo que nos salta aos olhos, mas que somos incapazes de ver, tão habituados estamos apenas a olhar. O que nos é familiar torna-se invisível: fazer teatro, ao contrário, ilumina o palco da nossa vida cotidiana.

Verdade escondida

Em Setembro do ano passado fomos surpreendidos por uma revelação teatral: nós, que pensávamos viver em um mundo seguro, apesar das guerras, genocídios, hecatombes e torturas que aconteciam, sim, mas longe de nós, em países distantes e selvagens, nós vivíamos seguros com nosso dinheiro guardado em um banco respeitável ou nas mãos de um honesto corretor da bolsa quando fomos informados de que esse dinheiro não existia, era virtual, feia ficção de alguns economistas que não eram ficção, nem eram seguros, nem respeitáveis. Tudo não passava de mau teatro com triste enredo, onde poucos ganhavam muito e muitos perdiam tudo. Políticos dos países ricos fecharam-se em reuniões secretas e de lá saíram com soluções mágicas. Nós, vítimas de suas decisões, continuamos espectadores sentados na última fila das galerias.

Vinte anos atrás, eu dirigi Fedra de Racine, no Rio de Janeiro. O cenário era pobre: no chão, peles de vaca; em volta, bambus. Antes de começar o espectáculo, eu dizia aos meus atores: “Agora acabou a ficção que fazemos no dia-a-dia. Quando cruzarem esses bambus, lá no palco, nenhum de vocês tem o direito de mentir. Teatro é a Verdade Escondida”.

Vendo o mundo além das aparências, vemos opressores e oprimidos em todas as sociedades, etnias, géneros, classes e castas, vemos o mundo injusto e cruel. Temos a obrigação de inventar outro mundo porque sabemos que outro mundo é possível. Mas cabe a nós construí-lo com as nossas mãos entrando em cena, no palco e na vida.

Atores somos todos nós, e cidadão não é aquele que vive em sociedade: é aquele que a transforma!


Augusto Boal

(II)
World Theatre Day Message
Augusto Boal-Message 2009:

All human societies are “spectacular” in their daily life and produce “spectacles” at special moments. They are “spectacular” as a form of social organization and produce “spectacles” like the one you have come to see.

Even if one is unaware of it, human relationships are structured in a theatrical way. The use of space, body language, choice of words and voice modulation, the confrontation of ideas and passions, everything that we demonstrate on the stage, we live in our lives.
We are theatre!

Weddings and funerals are “spectacles”, but so, also, are daily rituals so familiar that are not conscious of this. Occasions of pomp and circumstance, but also the morning coffee, the exchanged good-mornings, timid love and storms of passion, a senate session or a diplomatic meeting – all is theatre.

One of main functions of our art is to make people sensitive to the “spectacles” of daily life in witch the actors are their own spectators, performances in witch the stage and the stalls coincide. We are all artists. By doing theatre, we learn to see what is obvious but what we usually can’t see because we are only used to looking at it. What is familiar to us becomes unseen: doing theatre throws light on the stage of daily life.

Last September, we were surprised by a theatrical revelation: we, who thought that we were living in a safe world, despite wars, genocide, slaughter and torture which certainly exist, but far from us in remote and wild places. We, who were living in security with our money invested in some respectable bank or in some honest trader’s hands in the stock exchange were told that this money did not exist, that it was virtual, a fictitious invention by some economists who were not fictitious at all and neither reliable nor respectable. Everything was just bad theatre, a dark plot in which a few people won a lot and many people lost all. Some politicians from rich countries held secret meetings in which they found some magic solutions. And we, the victims of their decisions, have remained spectators in the last row of the balcony.

Twenty years ago, I staged Racine’s Phèdre in Rio de Janeiro. The stage setting was poor: cow skins on the ground, bamboos around. Before each presentation, I used to say my actors: “The fiction we created day by day is over. When you cross those bamboos, none of you will have the right to lie. Theatre is the Hidden Truth”.

When we look beyond appearances, we see oppressors and oppressed people, in all societies, ethnic groups, genders, social classes and casts; we see an unfair and cruel world. We have to create another world because we know it is possible. But it is up to us to build this other world with our hands and by acting on the stage and in our own life.

Participate in the “spectacle” which is about to begin and once you are back home, with your friends act your own plays and look at what which is obvious.
You were never able to see: that which theatre is not just event; it is a way of life! We are all actors: being a citizen is not living in society, it is changing it.

Augusto Boal


Lisboa, 27 Março 2009.
KWAME KONDÉ
(Intelectual Internacionalista/ Cidadão do Mundo)

quinta-feira, 19 de março de 2009

Manipulação Mental

"La manipulation mentale est inhérente à tout système
totalitaire. Le nazisme comme le stalinisme
furent de formidables manipulations.
Les sectes adoptent ces mêmes méthodes avec
Une diversité de moyens et d’applications"

Bernard Filaire – Les sectes – Flammarion – 1994

Não há dúvida nenhuma, que é, efectivamente, nas seitas que se encontra a maior diversidade na utilização dos processos de manipulação mental, denominada, por vezes, outrossim “lavagem de cérebro”. De feito, pela utilização de técnicas sofisticadas de manipulação, a Seita (Agrupamento religioso fechado sobre si próprio, criado em oposição às ideias e práticas comuns religiosas dominantes), após ter conduzido o adepto a dar crédito que com ela (melhor dito, fazendo-o acreditar bovinamente mesmo) terá as soluções dos seus problemas, conseguindo, deste modo, doutriná-lo e colocá-lo sob a sua dependência e controlar os seus pensamentos.
Com efeito, a expressão “lavagem de cérebro” é imprópria, porquanto esta noção, em apreço, oriunda das torturas sofridas por prisioneiros americanos durante a guerra da Coreia, não corresponde ao que se verifica e se assiste no caso dos adeptos das seitas. De feito, os antigos membros de seitas insistem sobre o facto que se encontram comprometidos com o seu “livre arbítrio”. Os seus testemunhos mostram que não foram torturados, todavia foram seduzidos por promessas de felicidade para as quais consentiram em pagar um preço assaz robusto e, quão chorudo.

De consignar, que não nos move aqui a ideia de colocar em causa a liberdade individual de prática religiosa e de crenças, por mais confusas sejam elas. Não é, outrossim, por causa dos seus dogmas que as seitas são criticáveis, sim, efectivamente pelos seus desvios de rumo e os comportamentos nefandos que podem engendrar.

De salientar assertivamente que a manipulação mental se caracteriza antes pelo carácter “insidioso” da armadilha que se aferrolha sobre o adepto. Deve-se, deste modo, antes considerar este último como vítima sem ele saber por causa do décalage entre o em quê acredita se comprometer e o que será a realidade do seu comprometimento. E, sob a capa de boas intenções, a manipulação mental constitui um temível meio de influência e de controlo pela utilização de procedimentos sobremodo subtis que, subtraídos dos seus objectivos iniciais, envidam em exercer uma influência quão deletéria e ulteriormente convencer no desígnio de alienar a liberdade da vítima e deste facto extrair proveito e benefício, obviamente.
Porém, vendo bem, a manipulação mental só funciona se permanece completamente dissimulada, para que a vítima seja persuadida, de molde a poder dispor livremente dos seus pensamentos e das suas decisões respectivas. Agindo, deste modo, os que implantam a manipulação mental logram adquirir domínio psíquico e físico, poder, proventos e exploração financeira das suas vítimas.
Eis porque, práticas conducentes ao estado deletério de colocação sob influência podem conduzir a alterações no âmbito da formação do pensamento e, outrossim e ainda, à uma perturbação das necessidades fisiológicas e uma desestabilização psicológica. E, o corolário lógico de toda esta acção assaz nefanda é um incremento da dependência e o isolamento num sistema de crenças.

E, rematando, de molde dialecticamente consequente, especialmente nesta Hora de Todas as Verdades, sobre todos os Cidadãos conscientes impende o Dever de denunciar, de modo, o mais veemente possível, todos estes danos e prejuízos respectivos à dignidade e à integridade humana, visto que tais práticas denega ao indivíduo a sua liberdade e o seu direito em dispor de si próprio.

Lisboa, 15 Março 2009
KWAME KONDÉ (Intelectual internacionalista/Cidadão do Mundo)

domingo, 8 de março de 2009

Reacção à Mensagem de Natal do Sr. Primeiro-Ministro de Cabo Verde


Estou de acordo com o Primeiro-Ministro em relação aos seus anseios relativos à cultura:

“Queremos que todos os cabo-verdianos, juntos com o Governo, trabalhem para que a cultura, que é a riqueza de nossas almas, seja também a riqueza desta nação. Queremos ter, por exemplo, um festival internacional de teatro, uma feira internacional de música, uma feira internacional de cinema ou de vídeo amador, queremos ter ainda uma feira internacional de artesanato…” cf: in: Mensagem de Natal, NEVES José Maria, 2008.

Mas para se conseguir realizar todos estes desejos, é preciso um trabalho de base, onde a formação académica se encontre na sua génese. É necessário que haja formações, é imprescindível que haja uma consciência artística (a cultura como acção de cultivar o saber). Não somente como meio de entreter outrem, como diz o Primeiro-Ministro:
“…Queremos fazer de Cabo Verde um centro internacional de entretenimento cultural…”. Ibidem. O entretenimento faz parte da vida social de um povo, mas a meu ver é imprescindível encararmos a cultura como uma forma de educar e consciencializar a sociedade.
Só se deve falar em valorização da cultura quando existe realmente uma consciência do quão este é fundamental na vida de uma sociedade. Para que isto aconteça, deve-se primeiramente criar programas e incrementar hábitos culturais no sentido de contribuir para o desenvolvimento de uma política educativa no âmbito cultural. Um exemplo, é a apresentação de programas que aproximem as crianças dos livros, se pensarmos que os projectos culturais de base devem começar por serem direccionados às camadas infanto-juvenis.
Em relação aos festivais e feiras propostos pelo Sr. Primeiro-Ministro, penso que deve haver actividades deste género para fugir à rotina anual dos já conhecidos festivais municipais: (Baia das Gatas, Gamboa, Santa Maria, etc.) que por sua vez acarretam um grosso valor do orçamento cultural anual, de cada um desses Municípios. Também é importante que haja programações ao longo do ano, e que não sejam somente para deleito da população em geral (concertos de massa), mas também deveria haver concertos de cariz mais erudito para o público interessado (pequenos concertos).
Em relação ao cinema o primeiro passo a dar, segundo o meu ponto de vista, é a reactivação das diversas salas de cinema espalhadas pelos diferentes pólos do país, sendo que este tipo de cinema (Hollywood) já foi em tempos muitíssimo importante para a educação da nossa sociedade e continuará a sê-lo. O cinema teve e continua a ter um papel fulcral na vida social na medida em que mantém as pessoas informadas sobre novas tendências emergentes no mundo inteiro. E a partir desse modelo, há uma grande hipótese de se criar um núcleo de público que futuramente aderirá a um cinema mais “erudito”, para além da pequena elite já existente. É importante deixar claro que não estou a menosprezar nem a dizer que o formato Hollywood não tenha qualidade. O problema é que com a indústria cinematográfica inerente à Hollywood, muitas vezes os guiões dos filmes produzidos por estes são censurados, fazendo com que o produto final que chega aos ecrãs, não seja totalmente fiel às ideias iniciais. Já o cinema documentário ou o cinema de autor aborda questões de cariz mais erudito, e menos sujeitos à censura.
É importante lembrarmos que, antes de pensar em elaborar qualquer programa cultural, primeiramente deve-se criar uma estratégia de captação, mobilização e educação de público, para que este possa ter audiência. Para exemplificar temos um caso paradigmático: o trabalho de captação de publico desenvolvido pela Mindelact, (Festival Internacional de Teatro), sob a direcção de João Branco, em São Vicente, para que este festival fruísse do publico que tem hoje.
E para que seja possível colocar em prática todo este leque de intenções acima referidas é urgentemente necessário que haja uma programação cultural e programadores culturais capacitados. E para que estes programas se realizem é preciso que haja produtores e técnicos competentes. Acima de tudo, para se realizar um programa cultural é preciso ingredientes, ou seja é necessário material artístico (Musica, Teatro, Dança, Pintura, Cinema, Poesia, etc.). Para haver todo este leque de ingredientes inerentes a uma programação cultural, são necessários criadores e artistas (caso contrário, não passaremos de meros importadores). E para que haja artistas, não é simplesmente necessário haver só o dito talento nato. É necessário um estudo aprofundado do conhecimento artístico para que este talento nato se possa desenvolver, e para que o artista possa ganhar a consciência da sua linguagem artística. Para que se consiga ser criador, produtor, programador, técnico etc. Estes últimos carecem do factor estudo no sentido lato da palavra. É preciso frequentar escolas onde haja uma formação teórica e pratica do que se pretende fazer ou estudar, assim como se faz nas outras áreas (Medicina, Engenharia, Economia, entre outros.). É imprescindível pesquisar, conhecer, e interagir com outros profissionais da área. Mas para que tudo isso se possa tornar realidade é fundamental uma consciencialização, a qual se deve iniciar nas escolas (Primárias e Secundárias).
O apoio é um outro factor essencial para que as coisas possam passar de um plano ideológico para um plano prático. Não me refiro só ao apoio financeiro, mas também a outros tipos de apoios que os dirigentes do nosso estado possam empenhar para que os desejos se cumpram, nomeadamente protocolos entre universidades e entidades culturais no exterior, para facilitar a entrada dos jovens estudantes para estas instituições e a restante população de diferentes faixas etárias.
Mesmo que haja pessoas capazes de exercer todo esse leque de funções, é necessário financiamento, porque na ausência de qualquer capital, os projectos não passam de ideias mortas. Todo o projecto artístico e cultural comporta um custo. Se as entidades competentes não estiverem aptas para colaborar neste aspecto, tudo tornar-se-á difícil. E é claro que não me refiro aqui só ao financiamento do Ministério da Cultura, mas também falo em subsídios por parte dos privados, sendo que o consumo e o deleito artístico é um bem comum.
Deve-se desenvolver políticas de mecenato cultural para incentivar os particulares a apoiar os artistas e os projectos culturais.


Delgado Ferreira

Tchon di Kauberdi

Do conteúdo de Verdade, enformando o Magistério
E a Prática teatral respectiva do Grupo Cénico
TCHON DI KAUBERDI:

Para BRECHT, toda a dramaturgia não aristotélica é experimental.
"En effet, sans aller jusqu’à ce degré de dilution de la Notion, on peut dire que l’expérimentation, au théâtre, concerne tout ou partie de l’activité dramatique, du Texte en passant par l’Architecture et la Scénographie, les Sons et les Rythmes, le Costume et la Gestuelle, ou encore l’Électronique.
D’autre part, si l’expérimentation s’intéresse au tout de l’activité dramatique, elle tend naturellement à réaliser, non des produits cohérents et finis, mais des propositions suffisamment élaborées pour être présentées à un public de juges et de connaisseurs, suffisamment renouvelées et remise en question aussi pour que les expériences s’enchaînent dans une sorte de développement dialectique. (…).
Enfin, mais quelles qu’elles soient toutes les tentatives de théâtre expérimental travaillent sur une exploration et un renouvellement des pouvoirs de l’espace et du temps, sur la fascination de l’image et l’exaltation du corps, en conjuguant ou non ces trois tendances
."

(1) O termo, Teatro experimental, designa, antes uma atitude de crítica e ruptura, não só, ante à ordem teatral pré-estabelecida, normalmente centrada numa lógica burguesa (comercial e mercantil, ipso facto), de um teatro com repertório fixo, clássico e de fácil “compreensão” para as massas, outrossim, demais designadamente à ordem social e ideológica que servia de base e esteio a tal teatro. Deste modo et pour cause, Teatro Experimental pode ser outrossim e, ainda, definido como Teatro de vanguarda, Teatro laboratório, Teatro de pesquisa e de Investigação ou Teatro moderno, na genuína acepção da expressão, obviamente.
(2) Com efeito, de consignar avisadamente, que a partir do século XIX, passando pelos movimentos de vanguarda dos anos vinte do século XX pretérito, pelos inovadores franceses, designadamente, o actor, escritor e encenador Antonin ARTAUT (1896-1948) e o actor/encenador Jacques COPEAU (1879-1949) e, sem olvidar, obviamente os realistas críticos como, nomeadamente os dramaturgos/encenadores alemães, Erwin PISCATOR (1893-1966) e Bertolt BRECHT (1898-1956) e, outrossim e, ainda, por uma constelação, quase interminável, de grupos experimentais que surgem no contexto do pós-guerra (sobretudo à partir dos anos 60 e 70 do mesmo século XX passado), o Teatro Experimental instalou-se no panorama teatral mundial, outorgando voz a uma necessidade que serve uma realidade contemporânea pós-moderna, como tal auto-reflexiva, crítica, eclética e alternativa.
(3) Envidando, pedagogicamente encontrar alguns pontos de contacto e conexão respectiva, entre todos os movimentos, ora enunciados, três grandes atitudes distintas (muitas vezes interligadas), atitudes que ajudam, aliás, a explicar a origem do Teatro Experimental merecem, ipso facto, não só, ser conhecidas, como sobretudo estudadas apropriadamente. Ou seja:
a. Uma atitude técnica e estética inovadoras;
b. Uma atitude ideológica, social e ética;
c. E, enfim, uma atitude auto-reflexiva.
Explicitando, apropriadamente, de feito, tendo presentes as inovações (na iluminação, nos espaços arquitectónicos e nos diversos materiais a utilizar) que constituem uma constante ao longo de todo o século XX e agora, já em pleno século XXI, o teatro principia a experimentar, com toda a eficácia possível, as potencialidades que estas inovações oferecem, em substância.
Por outro, para além do trabalho do texto, emerge a figura do encenador, do director de actores, dos técnicos, passando, deste modo, o espaço teatral a explorar novas linguagens e a constituir, outrossim um espaço inovado, já que tenta voltar a impressionar os sentidos através do artifício.
Palcos móveis, cadeiras que se podem remover, número infinito de luzes e som muitas vezes ofuscam, outrossim a autêntica essência do texto, já que, se estas inovações não tiverem um propósito consentâneo, não passam de artifícios vazios e infecundos, obviamente. Eis porque, COPEAU lucidamente critica todos aqueles “inovadores”, que apenas experimentaram, uma perspectiva técnica, perspectiva essa desprovida, porém de sentido dramático e, evidentemente sem objectivos concretos para além da impressão imediata. E segundo o próprio COPEAU, estes autores ficaram a meio do que devia ter sido o seu percurso teatral.
(4) Outras das facetas relevantes do Teatro Experimental diz respeito a sua função eminentemente pedagógica, social, moral e ética. De feito, enquanto assunção cultural e artística de rechaço à ordem estabelecida (assaz vetusta e decadente), o Teatro Experimental ganha, muitas vezes, contornos de teatro de repto, modificando, não só, as temáticas a apresentar, numa atitude de crítica social (positiva), bem como as estratégias dramáticas a utilizar, pois as prístinas serviam outrossim a sociedade, onde vinham exercendo o seu magistério crítico, com elevado sentido de responsabilidade. Deste modo e, nesta dinâmica, se diligencia assertiva e assumidamente, que o Teatro (vida feita Arte), não só, desperte para novas temáticas, como outrossim, que as suas linguagens mudem, para melhor reflectirem as suas mensagens, muitas vezes de ruptura (na acepção pertinentemente didáctica), face ao poder em vigor.
(5) Estamos, neste particular a pensar, concretamente, nas históricas propostas teatrais oriundas do fecundo magistério de PISCATOR (Teatro proletário), bem como as de BRECHT (Teatro épico). Ambas tentam chamar à atenção do Público para uma classe humilhada, marginalizada política e socialmente e, para a necessidade imperiosa de uma démarche conducente à uma radical mudança no status quo. Nesta dinâmica, as técnicas teatrais rompem outrossim com as convenções estabelecidas. Os heróis trágicos clássicos, de estatuto social elevado, são substituídos por heróis que representam grupos sociais humilhados, muitas vezes, sem nome, pois o indivíduo dava lugar a um esforço colectivo. De feito, este teatro denominado de “engagement” e, que visava a edificação de uma nova ordem mundial conducente, ipso facto, ao modelo de sociedade, privilegiando o Ser em detrimento do ter, dispunha de novas técnicas e uso de materiais, que servissem adequadamente para o efeito almejado e, outrossim melhor espelhassem a Mensagem a transmitir, sob o signo e imperativo, eminentemente didáctico-pedagógico, designadamente a utilização de áudio visuais e linguagens por vezes, um tanto ou quanto, jornalísticas.
(6) Finalmente, de consignar, com ênfase, o caris auto-reflexivo, outrossim presente no Magistério de actuação do Teatro Experimental. De feito, aliás, como a própria designação indica, experimental remete-nos para a experiência e tentativa. Deste modo, este tipo de teatro outorga grande importância ao próprio processo teatral, em si, obviamente. Eis porque, no âmbito desta dinâmica, uma peça é escrita, re-escrita, re-interpretada, discutida, modificada, trabalhada dialecticamente entre encenador, actores e público. Na verdade, uma peça, para muitos grupos teatrais jamais está terminada, chegando, por vezes, ao ponto de constituir apenas um exercício de especulação pluri significativa (aparentemente). Por outro lado, os próprios textos, muitas vezes, abordam problemáticas teatrais, procurando o lugar e essência do teatro na realidade e da realidade no teatro. Entramos, assim, já no domínio do metateatro, ou seja do teatro que tem como objecto de criação, o próprio processo teatral, desconstruindo e desmascarando o seu universo fictício e artificial. Donde e daí, evidentemente, Teatro se mistura, desta forma, com a realidade, desafiando, em última análise, a própria definição e conceito de Teatro.
(7) Enfim e, em suma, como remate consentâneo, podemos e devemos asseverar que o Teatro Experimental assumirá sempre, no âmbito da sua pragmática existencial efectiva, como uma autêntica e verdadeira voz de Liberdade plena contra qualquer ordem nefanda estabelecida, ou um qualquer preconceito. Sim, efectivamente estamos ante um Teatro que dá voz ao outro, que explora os domínios inter- e multi-culturais, que baseia a sua prática na inovação e reciclagem constantes, que abarca e recria técnicas vetustas e modernas, como sendo o filme, a televisão, a dança, a pintura, o circo, a literatura, a música, a informática, a expressão corporal. Eis porque, efectiva e evidentemente, nasce e renasce, com potencialidades, cada vez mais ilimitadas, num elevado e verídico crescendo artístico e estético, culminando, destarte, numa assunção dialecticamente consequente.

Lisboa, 07 Março 2009
KWAME KONDÉ

quarta-feira, 4 de março de 2009

Esperanto

Etimologicamente, o lexema/vocábulo Esperanto busca, fundo, a sua origem, no pseudónimo Esperanto (à letra “o que espera”) usado por Ludwig Lazarus ZAMENHOF, natural de Varsóvia. Mais concretamente: trata-se, efectivamente de lexema oriundo do radical esper (latim: sper-de sperãre+ant). De acrescentar, outrossim e ainda, que o vocábulo foi, durante muito tempo, o pseudónimo do criador da Língua em questão.

Esperanto: N. m. (de esperi, “celui qui espère”, pseudonyme de ZAMENHOF).
Espérantisme : Mouvement en faveur de la propagation de l’Espéranto.
Espérantiste : adjectif et nom.

Es. per anto :
An artificial language invented in 1887 as a means of international communication, based on the main European languages but with easy grammar and pronunciation.

O Esperanto é uma língua internacional, artificial, inventada no ano de 1887 pelo médico polaco Lazarus Ludwig ZAMENHOF (1859-1917).
A sua Gramática é bastante simplificada e o seu Vocabulário respectivo funda-se nalgumas raízes comuns a várias línguas Europeias, tiradas principalmente do Grego e do Latim. E, a partir destes radicais, desinências fixas exprimem o valor das palavras. Deste modo, temos então, que o o final indica que se trata de um substantivo, o a que se trata de um adjectivo, o e de um advérbio, o j de um plural.
Enfim e, em suma: Tendo em conta, a sua regularidade da estrutura e pela simplicidade óbvia é reputada como a mais perfeita das chamadas línguas internacionais.

Esperantista: N/m/f: pessoa que se dedica ao ensino ou a aprendizagem do Esperanto.

Lisboa, 03 Fevereiro 2009
KWAME KONDÉ

terça-feira, 3 de março de 2009

Ainda sobre o Dia Internacional da Língua Materna

Em complemento oportuno da nossa “posta” anterior, vamos apresentar, nesta nossa “posta” de hoje, a Mensagem Internacional do Dia Internacional da Língua Materna da autoria do Director-Geral da UNESCO, o Senhor Koichiro MATSUURA, na sua versão original (em francês), na versão portuguesa (versão criada por K. KONDÉ) e na versão cabo-verdiana (versão, outrossim da lavra de KWAME KONDÉ).

JOURNÉE INTERNATIONALE DE LA LANGUE MATERNELLE
A l’issue des douze mois consacrés aux célébrations de l’Année internationale des langues, cette nouvelle édition de la Journée internationale de la langue maternelle du 21 février 2009 permet d’entamer une nouvelle phase de réflexion et de bilan.
Dix ans après la proclamation de la journée par la Conférence générale de l’UNESCO sur proposition du Bangladesh, quel bilan tirer ?
Un constat s’impose. Après avoir mis l’accent sur la reconnaissance par chaque communauté de l’importance de sa propre langue maternelle, la Journée a progressivement suscité l’attention de la communauté internationale sur les fondements de la diversité linguistique et du multilinguisme. En outre, il est devenu patent que les langues, constitutives de l’identité des individus et des peuples, sont un élément central pour atteindre les objectifs de l’Education pour tous et ceux du Millénaire pour le développement.
Un nombre croissant et de plus en plus diversifié d’acteurs, issus d’organisations gouvernementales et de la société civile, reconnaissent que les langues se situent au cœur de toutes les manifestations de notre vie sociale, économique et culturelle. Les liens entre éducation multilingue (associant langue maternelle, langue nationale et langue internationale), Education pour tous, et objectifs du Millénaire pour le développement, constituent désormais des piliers de toute stratégie au service du développement durable.
Nous avons le vif espoir que sous l’impulsion de la campagne de communication conduite par l’UNESCO lors de l’Année internationale des langues 2008, des résultats concrets en faveur de l’usage des langues maternelles comme du multilinguisme se feront jour, et que ces enjeux resteront au cœur de l’action des gouvernements et des agences de coopération.
Au-delà de l’intérêt suscité par l’Année et des centaines de projets de promotion des langues lancés en 2008, une évaluation de l’impact de l’Année internationale des langues sera conduite dans les prochains mois pour mesurer l’importance des langues pour le développement, la paix et la cohésion sociale.
Dans ce contexte, à l’occasion de la dixième édition de la Journée internationale de la langue maternelle, je lance un appel pour que les nombreuses déclarations et initiatives annoncées au cours de 2008 soient suivies de mesures concrètes et durables.
Je formule le vœu, en particulier, que les gouvernements mettent en place, dans le cadre de leurs systèmes éducatifs formels et non formels et au sein des administrations, mesures visant à assurer la coexistence harmonieuse et fructueuse des langues de chaque pays. C’est ainsi que nous saurons préserver et promouvoir des environnements multilingues soucieux du respect de toutes les expressions de la diversité culturelle.

KOICHIRO MATSUURA

MENSAGEM DO DIA INTERNACIONAL DA LÍNGUA MATERNA
versão portuguesa da lavra de KWAME KONDÉ:

No término dos doze meses consagrados às comemorações do Ano Internacional das línguas, esta nova edição do Dia Internacional da Língua Materna de 21 Fevereiro 2009 permite entabular uma nova fase de reflexão e de balanço.
Dez anos após a proclamação do Dia pela Conferência geral da UNESCO sobre proposta de Bangladesh, que balanço extrair?
Uma verificação autenticada se impõe. Após ter colocado o acento tónico no conhecimento por cada Comunidade da importância da sua própria língua materna, o Dia suscitou progressivamente à atenção da Comunidade Internacional acerca dos fundamentos da diversidade linguística e do multilinguismo. Além disso, tornou patente que as línguas, constitutivas da identidade dos indivíduos e dos povos, constituem um elemento central para atingir os objectivos da Educação para todos e os do Milenário para o desenvolvimento.
Um número crescente e, cada vez mais, diversificado de actores, oriundos de organizações governamentais e da sociedade civil, reconhecem que as línguas se situam no cerne de todas as manifestações da nossa vida social, económica e cultural. Os vínculos entre educação multilingue (associando língua materna, língua nacional e língua internacional), Educação para todos e, objectivos do Milenário para o desenvolvimento, constituem doravante pilares de toda estratégia ao serviço do desenvolvimento sustentável.
Temos a viva esperança que sob a impulsão da campanha de comunicação conduzida pela UNESCO aquando do Ano Internacional das línguas em 2008, resultados concretos a favor do uso das línguas maternas como do multilinguismo evidenciar-se-ão e, que estes desafios permanecerão no centro da acção dos governos e das agências de cooperação.
Para além do interesse suscitado pelo Ano e das centenas de projectos de promoção das línguas lançados em 2008, uma avaliação do impacto do Ano Internacional das línguas será conduzida nos próximos meses para medir a importância das línguas para o desenvolvimento, a paz e a coesão social.
Neste contexto, a propósito da décima edição do Dia Internacional da Língua Materna, lanço um apelo para que as numerosas declarações e iniciativas anunciadas no decurso de 2008 sejam seguidas de medidas concretas e duradouras.
Formulo, em particular, o voto para que os governos implantem, no quadro dos seus sistemas educativos formais e não formais e, no seio das administrações, medidas, visando assegurar a coexistência harmoniosa e frutuosa das línguas de cada país. É, deste modo, que poderemos preservar e promover ambientes multilingues, preocupados pelo respeito de todas as expressões da diversidade cultural.


MENSAJI di DIA INTERNASIONAL di LINGUA MATERNU:
Verson Kauberdianu fetu pa Kwame KONDÉ

Na fin di duzi mes didikadu na salabrason d’Anu Internasional di Línguas, es nobu idison di Dia Internasional di Língua Maternu di 21 di Febreru di 2009 ta pirmiti kria un nobu mumentu di rafletison y di balansu.
Des Anus odipos di pruklamason di Dia pa kunferensa jeral d’UNESCO sobri pruposta di BANGLADESHI, ki balansu nu debi tra?
Un fatu e sertu. Dispôs di ter kalokadu asentu na kunhisimentu pa kada kumunidadi d’npurtansia di si propri língua maternu, Dia ten manenti tchomadu tenson di kumunidadi internasional serka di bazi di diversidadi linguistiku y di multillinguismu. Len disu, torna klaru ki línguas, alisersu d’identidadi d’individu y di pobus, e un ilimentu sentral p’aikansa prupostus d’Idukason pa tudu mundu y kes di Milennário pa dizinvolvimentu.
Un nunbru kirsedu y kada bes mas, diversifikadu d’atoris, bindus d’organizasons gubernamental di sosiadadi sibil, ta rakonxe ki línguas ta situa na sentru di tudu manifestason di nos bida sosial, ikunomika y kultural. Ligason entri Idukason multilingui (djuntu língua maternu, língua nasional y língua internasional), Idukason pa tudu Mundu y prupostu di Milénio pa dizinvolvimentu sustentável.
Nu ten speransa bibu ki dibaxu inpulson di kanpanha di kumunikason kunduzidu pa UNESCO kandu d’Anu Internasional di línguas 2008, razultadus konkretus afabor d’uzu di línguas y, ki es dizafiu-li ta fika na sentru d’ason di gubernus y d’ajensias di kuperason.
P’alen di nteresi labantadu p’Anu y sentenas di prujetus di ptumuson di linguas lansadu n 2008, un balansu d’inpaktu d’Anu Internasional di lenguas ta ba ser kunduzidu na prosimu mês pa midi inpurtansa di linguas pa dizinvolvimentu, pa pas y kueson susial.
Nes kondison-li, p’okasion di desimu idison di Dia Internasional di Lingua Maternu, nu ta lansa un pididu pa ki kes tchada di diklarasons y inisiasons nutisiadu na korida di 2008 for sigidu di mididas kunkretu y ki ta dura tcheu tenpu.
Hn ta fase votu, in partikular, ki Gubernus ta plania, na kuadru di si sistemas idukativu klaru y non klaru y, na meiu di dimistrasons, mididas pa sugura kunvivensa dretu y di purbetu di linguas di kada País. So asin, nu ta podi konserba y kria nbientis multilingui, prokupadu pa ruspetu di tudu spreson di diversidadi kultural.

Lisboa, 21 Fevereiro 2009
KWAME KONDÉ